Pisquei o olho e quando me dei conta já estava tudo
diferente. Lutei tanto pela tal liberdade, e agora estou na linha tênue entre o
sonho e a realidade. Olho as crianças ao meu redor e, confesso, me lembro o
quanto queria crescer logo pra que tudo mudasse, sem saber que quando a minha
maior preocupação era qual cobertor pegar para assistir desenho na sala, eu era
feliz. Não que hoje eu não seja. Mas essa felicidade sem responsabilidades
existenciais não volta mais. Passo pelos colégios, aquela alegria de
vestibulandos recém aprovados nas faculdades, e percebo que pareço estar
perdida neles. Ontem mesmo estava decidindo como transportar tantas ideias e vontades
em um curso só, e hoje o segundo ano da faculdade já está acabando e eu ainda
não sei o que é que afinal eu quero de mim. São tantos desejos, ramos, sonhos,
cores, fotos e tudo, e todos, que até um pouco de raiva se mistura: porque é
que tanta gente quer que sejamos decididos em relação a tanta coisa, na fase
mais indecisa e mutável de nossas vidas? Eu prefiro mesmo é mudar, mudar e
mudar, sem me importar, porque é melhor mudar e se encontrar aos 20 do que
chegar aos 40 e descobrir que fez de tudo menos o que sempre quis.
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